terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pobre Edgar

Essa é a história de uma senhora chamada Lis que nasceu à exatos 84 anos e um dia, ela acredita que estão tentando interná-la no zoológico e, por isso, pegou um ônibus em direção ao Centro. Um breve comentário sobre a vida de Lis: ela é viúva de três casamentos, possui quatro filhos, os gêmeos do primeiro casamento e os outros dois do terceiro, o segundo marido era infértil e rico, e dois meses depois do casamento, era morto... muito conveniente...
Então, Lis pegou o ônibus, mas antes, naquela semana, havia ocorrido uma série de acontecimentos estranhos.  
Para começar, os gêmeos chegaram com suas famílias para passar a semana em sua casa, seus netos estavam com o dobro do tamanho que tinham da última vez que os vira (e fazia só duas semanas desde a última viagem à Porto Alegre).
Depois, seu filho caçula, que era advogado, trouxe uma série de documentos para Lis assinar.
E por fim, sua filha do meio, apareceu no almoço de sábado recomendando lugares para Lis morar na sua idade sem a solidão do dia-a-dia (mas quem falou que Lis era sozinha?).  Depois do almoço, começaram a passar videos sobre a natureza e a vida selvagem . O marido de Isabel era biólogo e adorava ensinar sobre a natureza para as crianças. Mas dessa vez, Lis sabia que os vídeos eram para ela.
E naquela mesma noite, ela contou a Edgar (seu amigo de todas as horas que morava dentro da sua penúltima gaveta). Edgar falou que Lis estava ficando louca, que sua família não queria interná-la num zoológico e que não fazia o menor sentido pensar isso... Mas, por fim, Lis foi ríspida com Edgar dizendo que ele de nada sabia do mundo morando num gaveteiro. E Edgar, resignado, calou-se.
Na hora do café da manhã, Lis se levantou cedo, como de costume e percebeu uma certa agitação na casa. E quando viu, todos seus filhos estavam conversando no sofá da sala. Ela não conseguiu ser discreta o suficiente para ouvir sobre o que falavam e seus filhos a viram, mudando de assunto com a cara mais lavada do mundo. “Vai se arrumar, mamãe! Hoje aproveitaremos o dia com a família no zoológico!”, disseram eles...
E voltamos ao início de nossa história...
Lis pegou um ônibus em direção ao Centro. Ela nunca mais voltou pra casa. Seus filhos nunca mais a viram. Nem Edgar, que até hoje mora num gaveteiro e nada sabe sobre o mundo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Viva la Vida, Death and All His Friends

Então, essa sexta feira recebi à tarde a triste notícia do falecimento meu avô.
Primeiro, vieram o choque e a tristeza. Entretanto, não tive tempo para processar a informação da maneira adequada, estava no trabalho e me dediquei inteiramente a isso.
Quando sai do trabalho, achei que era melhor me distrair do que voltar para casa no clima tenso, então encontrei uns amigos, desestressei do trabalho e tomei um Mocha Frappuccino.
Ok, até aí, não tinha parado para pensar na morte do meu avô. Podem me chamar de insensível, mas minha defesa é clara: Quando o assunto é o luto, não se pode exigir um comportamento de ninguém.
Então, quando fiquei só no ponto esperando ônibus eu pensei na morte. Mas pensei nela como um todo. É assim que minha cabeça funciona, eu penso no geral ao invés de pensar no específico.
E pensei sobre a morte... sobre o porque dela ser tão triste, pensei nas pessoas que amo, pensei nas "últimas palavras", enviei mensagens para vários amigos, até que cheguei a uma conclusão naquele ponto de ônibus: “A pior coisa da morte é pensar no que a pessoa que se foi vai deixar de ver.”
Eu fui dormir pensando tristemente nisso: Ele não vai ver os netos dele se formando, não vai ver a minha priminha falando as inteligentices dela, não vai ver a sua bisneta recém nascida crescendo...
Daí, eu acordei no dia do enterro e no momento em que abri os olhos, meu pensamento foi alegre. Eu pensei no outro lado, meu avô pegou suas bisnetas no colo, viu seus netos crescendo, seus filhos construindo famílias, sempre no caminho do bem, ficou com a mulher que amou até o fim, não perdeu a lucidez, viveu o suficiente para saber que fez a sua parte.
Esse foi o pensamento que reconfortou minha alma.
Ele pode ter ido para um lugar melhor, ou pode voltar para outra vida, ou pode ter fechado o seu ciclo. Não entro nesse mérito. Só sei que aqui na Terra, ele vai deixar saudades, mas também vai deixar história!
A moral que tirei pra mim disso foi: Trate de se certificar que haverão muitas histórias para manter sua memória viva quando você partir e muitas pessoas para contá-las.
As histórias são a forma que as pessoas encontraram de se eternizar através de palavras...” Acho que essa frase já existe, alguém deve ter escrito pois ela surgiu muito clara na minha mente...
Sejamos conscientes que temos que ter carreira, ter responsabilidade, ter família (de sangue, de amor e de amizade), mas que não podemos esquecer-nos de termos nossas vidas. Temos que viver, por que no fim, só restam as fotos e as histórias...

P.S.: Vô Júlio, vai lá com os anjos, fique tranquilo que seu ficará para sempre por aqui e guarde por nós daí do alto! E mande um abraço para Vô Chico e Vó Lio! E até um dia!

domingo, 18 de setembro de 2011

Jovens velhos?


Parece que ao mesmo tempo, várias pessoas caíram na real que viraram adultos e começaram a competir quem teve a melhor infância com as crianças de hoje...
Pagar de saudosista pela internet é fácil... quem bate no peito falando por aí da infância perfeita sem celulares, sem internet, hoje vive a vida de adulto tão preso à tecnologia que faz questão de divulgar esse tal saudosismo em meio às redes sociais.
O saudosista de facebook ao invés de dar um pião, dá um gameboy (gameboy é da minha época, agora é o Nintendo DS) para o filho ou sobrinho ou afilhado; ao invés de incentivar a criança a leitura, incentiva a rebolar até o chão; ao invés de ensinar as 'palavras mágicas' (bom dia, por favor, obrigado...), ensina a falar palavrão...
As mesmas pessoas que viveram essa infância tenra que todos lembram e veneram deturparam a infância de hoje em dia, destruindo a inocência e trocando coisas de verdade por coisas virtuais.
Se você teve uma boa infância... meus parabéns, eu também tive. Eu aposto como a "geração Ben 10" vai chegar daqui a 10 anos e falar que na infância deles que era bom...
Relembrar o passado é muito bom e divertido... se quer falar do passado, procure um velho amigo e converse com ele sobre as coisas que viveram juntos, os micos que pagaram, os hobbys que já abandonaram a muito tempo... E de preferência, encontre pessoalmente com a pessoa como era "nos velhos tempos"... o que não pode é todo mundo lembrar da própria infância via facebook sem nenhum propósito.
Maneiro que você colecionava tazzo, eu também colecionava, tinha até o mastertazzo, mas não fico aí divulgando isso como a melhor coisa do mundo...
Só pra constar, minha infância foi muito boa.

domingo, 4 de setembro de 2011

Desculpas pela mudança

O quanto você muda a cada ano?
E a cada mês?
E a cada semana?
E a cada dia?
E a cada hora?
E a cada minuto?

Nos últimos doze meses, eu me despedi de muita coisa. Abri mão de uma vida. Pode parecer exagero falar assim, mas foi exatamente o que aconteceu. Adquiri nos hobbies, amigos e hábitos, em compensação acabei por enfraquecer amizades e deixar de lado antigos hábitos.

Só queria pedir desculpas a todos os amigos que deixei no processo, mas era inevitável. Tem coisas que não se conciliam. Sei que hoje minha presença não deve nem mais fazer falta para muita gente, mas é assim que as coisas andam. Me entristece saber que devo ter decepcionado algumas pessoas, mas não era minha intenção.

O que fiz não foi por mal, foi por mim.