sexta-feira, 28 de outubro de 2011

19-29

Estamos na época em que temos que começar a construir nossas vidas... 
Para muitos, isso significa abrir mão de muita coisa em prol da carreira: entra na faculdade, estuda muito, pega o diploma, começa a trabalhar, se esforça para ser o melhor e conseguir mais dinheiro ou estabilidade. 
Para outros, essa é a fase da construção de família, onde o objetivo é conciliar a carreira e o estudo com a pessoa amada (ou com a busca por essa pessoa), ter filhos, começar a planejar a casa própria, e tal...
Para mim, essa fase tem uma coisa mais importante que a carreira e a família: essa é a época onde temos que viver. E como viver, entendam aproveitar a vida (no melhor estilo carpe diem), conciliando a carreira e construção de família ao redor disso e não o contrário. Temos que conhecer pessoas, beber, viajar, fazer besteiras, enfim... ter histórias para contar para nossos filhos.
Se formos podres de rico e não tivermos pelo menos uma história para contar, nós seremos pais desinteressantes ou pessoas bem-sucedidas tendentes à depressão...
Então, se eu pudesse dar um conselho seria esse: invistam nas histórias para contar...

Ele - parte 02

Ele está nostálgico. Ele lembra do passado. Das pessoas, dos hobbies, das suas opiniões, do seu socialismo de ensino médio, da sua vontade de mudar o mundo. Então, como se desligassem um interruptor, seu pensamento volta para o presente. Ele percebe o quanto mudou. O quanto seus objetivos mudaram. Suas opiniões agora estão maltratadas por uma surra de vida real, seu socialismo está nos exercícios dos livros de História e Geografia da escola. Ele gosta de beber Coca Cola, tomar um Mocha no Starbucks, comer um sanduíche no Burger King, assistir blockbusters no cinema... Ele vive no capitalismo. E ele meio que gosta disso. E isso, faz toda diferença na hora de ver quem ele era e que ele é hoje. Ele, obviamente, não gosta da frieza do sistema, nem da desigualdade que ele gera, mas ele cansou de falar que odeia o conforto e o entretenimento que o sistema dá. Soava hipócrita demais. Ele ainda acredita num mundo melhor. Ele quer um mundo melhor. Ele só não se faz de engajado, de ativista. Ele simplesmente se contentou em fazer a sua parte. Mudar o mundo dentro do seu alcance. Com educação e gentileza. Se o garoto que ele foi o visse hoje, talvez se decepcionasse. Mas ele não liga... o tempo daquele garoto já passou.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ele - parte 01

Ele observa as pessoas na rua de dentro do ônibus lotado. Ele escolheu seu lugar com cuidado: no meio do ônibus, afastado das cadeiras preferenciais para idosos e perto da janela de forma que ele pode controlar a intensidade de vento que entra. Ele observa as pessoas com seu olhar mais crítico. Esse olhar não tem um alvo preciso, ele critica por criticar e para si mesmo. Ele não quer que o mundo mude, o mundo pode ficar do jeito que está, ele só quer ter o direito de poder não gostar dele. Ele tem esse tom meio-“estou aqui mas não sou daqui”. Ele sou eu. Mas eu pertenço a esse texto da mesma forma que ele pertence àquele ônibus lotado: um olhar externo vindo de dentro. 


P.S.: Talvez não exista parte 2.