quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre o Amor (por Bernard Cornwell)

Em um livro chamado, O Inimigo de Deus, segundo livro da trilogia Crônicas de Artur, escrita por Bernard Cornwell, encontrei uma passagem que representa de forma muito pura o Amor!
É um livro sobre guerreiros e guerras, mas também tem espaço para o Amor!
Aos interessados, procurem essa trilogia. Ela é muito boa!
Vou transcrever integralmente o trecho.

"- O amor?

Olhei-a e disse a mim mesmo que não estava apaixonado por ela, e que seu broche era um talismã apanhado aleatoriamente. Disse a mim mesmo que ela era uma princesa e eu o filho de uma escrava.

- Sim, senhora.

- Você entende essa loucura?

Eu não tinha consciência de coisa alguma na sala, exceto Ceinwyn. A princesa Helledd, o príncipe adormecido, Galahad, as tias, a harpista, nenhum deles existia pra mim, assim como os tecidos pendurados na paredes ou os suportes de bronze das lamparinas. Só tinha consciência dos olhos grandes e tristes de Ceinwyn e de meu coração batendo.

- Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém - ouvi-me dizendo - e de súbito saber que a vida será impossível sem eles. Saber que a voz da pessoa pode fazer seu coração falhar, e que a companhia dessa pessoa é tudo que sua felicidade pode desejar, e que a ausência dela deixará sua alma solitária, desolada e perdida.

Ela ficou quieta durante um tempo, apenas me olhando com uma expressão ligeiramente perplexa.

- Isso já lhe aconteceu, lorde Derfel? - perguntou enfim.

Hesitei. Sabia quais eram as palavras que minha alma queria dizer, e sabia as palavras que minha posição deveria me fazer dizer, mas então disse a mim mesmo que um guerreiro não florescia com a timidez, e deixei que a alma governasse minha língua.

- Nunca aconteceu até este momento, senhora. - Foi necessário mais coragem pra fazer essa declaração do que eu jamais necessitara para romper uma parede de escudos.

Ela imediatamente olhou para o outro lado e se sentou empertigada. Eu me xinguei por tê-la ofendido com minha estúpida falta de jeito. Permaneci recostado no divã, com o rosto vermelho e a alma doendo de embaraço enquanto Ceinwyn aplaudia a harpista jogando algumas moedas de prata no tapete ao lado do instrumento. Ela pediu que fosse tocada a Canção de Thiannon.

- Pensei que você não estava escutando, Ceinwyn - provocou uma das tias.

- Estou, Tonwyn, estou, e estou sentindo grande prazer em tudo que ouço. - disse Ceinwyn e de súbito me senti como um homem se sente quando uma parede de escudos desmorona. Só que não ousei confiar nas palavras. Queria; não ousava. O amor é loucura, balançando do êxtase para o desespero num segundo insano."

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